Casamento perfeito

Conheça Janaína Rueda, a chef que resgatou [e ressignificou] receitas tradicionalmente paulistanas.

16/06/2014 11:07 / Por: Lorena filgueiras / divulgação
Casamento perfeito
Paulistana da gema. Poderia ser um trocadilho, em se tratando da protagonista do Gourmet desta edição da Revista Leal Moreira, mas é a definição mais perfeita para a chef Janaína Rueda.
 
Nascida no Brás, filha de uma cozinheira, Janaina começou a carreira cedo. Não porque pilotasse as chamas dos fogões desde criança, mas porque os curiosos olhos azuis [marcas registradas] acompanhavam a mãe, Rejane Rodas, nas jornadas de trabalho nos extintos [e lendários] Hippopotamus, Gallery, The Place e Paddock. Quando pergunto se Janaína já saberia que seria cozinheira, ela surpreende [aliás, só uma das tantas, até o final da conversa] e diz que queria mesmo era ser cantora. Cozinhava de maneira intuitiva, ainda menina e foi assim que enveredou [mesmo sem ter essa consciência] por um caminho sem volta. Foi sommelière, trabalhou em respeitadas multinacionais quando conheceu o marido, o também chef Jefferson Rueda [da respeitada casa Attimo] – aí, já não havia outro desfecho, que não assumir o que a vida lhe reservara.

“Ser cozinheira foi uma forma de acompanhar a vida do meu marido, Jefferson Rueda. O que agradeço muito. Gosto de servir as pessoas”, ela conta.

Coube a Jefferson a alcunha pela qual a chef também é conhecida: onça, em uma referência à fama de brava da chef. “Eu afugentava as pretendentes do Jefferson quando ainda namorávamos”, declarou entre risos quando questionada sobre o apelido. “Me parece que vocês namoram até hoje... ele foi tua maior inspiração?” “Sim, até hoje ele é minha inspiração. Quando necessário, cozinhamos juntos”.

Jefferson também foi responsável pela realização de outro sonho de Janaína: um restaurante para chamar de seu, o “Bar da Dona Onça”, localizado no térreo do icônico edifício Copan.
 



O Bar da Janaí... dona Onça

Mesmo trabalhando em endereços diferentes, Jefferson Rueda sempre dá um jeito de aparecer na “casa” da esposa. Sorte dupla dos clientes, porque enquanto o chef assume o fogão, Janaína circula entre as mesas, conversa com os clientes, recebe os amigos. Ou vice-versa.
 
O Bar da Dona Onça tem personalidade tão marcante quanto o da chef, com muita ousadia e... animal print. Não podia ser diferente. A Gastronomia de resgate boêmia é o prato principal do lugar e, em vez de chope, a casa sugere vinhos tintos e brancos em taça. Por lá, é recorrente encontrar quem saia de casa e atravesse a cidade para se deliciar com sabores “domésticos”. Comfort food pura. “Minha cozinha que resgata a gastronomia boemia paulistana. Espero que eles [os clientes e amigos] se sintam felizes e acarinhados”. No menu, arroz de fígado acebolado com ovo, macarrão com frango caipira, “pf” de omelete [“o mais vendido de São Paulo”, avisa]. Não por acaso, é comum que os clientes se sintam amigos e os amigos vivam por lá. O estilista Walério Araújo [que também ganha destaque nesta edição], compadre de Jefferson e Janaína, está sempre por lá. “Amo a Janaína e o Jefferson, amo a atmosfera deste lugar, a comida. Amo tudo”, derrete-se.
 
Uma onça na Amazônia

Janaína foi uma das chefs convidadas do Ver-O-Peso da Cozinha Paraense, o maior e mais longevo festival gastronômico do Norte do Brasil [promovido pelo Instituo Paulo Martins] e que teve, pelo terceiro ano consecutivo, patrocínio da Leal Moreira.

A entrevista com a chef ocorreu dias antes. Pela primeira vez em Belém, ela arregalava os olhos azuis. “Nesta primeira vez no VOP, quais são tuas expectativas? Que ingrediente amazônida [ou ingredientes] anda povoando teus sonhos, Janaína?” “Eu sou uma pessoa que não gosta de criar expectativas. Já sei que vou comer bem, mas conto tudo depois do evento (risos)”.

O movimento começa e...

Vem a última pergunta. “Quando tens algum tempo livre, o que gostas de fazer? Cozinhar?”
Janaína abre um sorriso largo, pisca e aquela garota de 7 anos de idade reaparece. “Cantar é minha segunda paixão. Nunca tenho tempo livre para cozinhar, pois sempre estou cozinhando”.
Sorte a nossa.
 
Receita


 
Receita Cuscuz de Galinha Caipira

(receita para 2 pessoas)
 
INGREDIENTES

• 250g de frango caipira cozido desfiado
• 100g de farinha de milho flocada (artesanal)
• Azeitonas verdes e pretas
• Milho verde
• Alho
• Cebola
• Salsinha
• Cebolinha
 
MONTAGEM

Hidrate a farinha na água e sal entre 5 e 10 minutos. Refogar a cebola e alho, coloque o frango desfiado e um pouco de pimenta biquinho. Com a panela quente, adicione o milho, a farinha, as azeitonas, a cebolinha e cozinha por cinco minutos. Sirva com salada de alface baby e caviar de tomate, que é a parte com sementes. 
 
Você pode servir ele quente, frio ou morno.

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