Exotismo milenar

Praias paradisíacas, templos, esportes radicais, tradições de outras eras - há um mundo inteiro para ser descoberto na pequena ilha de Phuket

22/06/2012 11:42
Exotismo milenar

De dia, tem sol, passeio de barco, águas cristalinas. De noite, tem bares lotados, música de qualidade, frutos do mar frescos. Tudo isso pode ser encontrado com facilidade no litoral brasileiro. Mas, e se você incluir no roteiro passeios de elefante, praias que serviram de cenário para filmes de Hollywood, templos budistas sagrados e, de quebra, a chance de conhecer - direto da fonte - a famosa massagem tailandesa? Atrativos diferentes assim, só mesmo em um dos destinos mais famosos do Sudeste asiático – ainda pouco explorado pelos brasileiros, mas já “descoberto” por europeus e americanos.

Com 65,5 milhões de habitantes e centenas de ilhas, uma pequena província no sul do Tailândia é o principal destino turístico do país. O lugar recebe, em média, um milhão de visitantes estrangeiros por ano – mais do que a própria capital, Bangkok. Para efeito de comparação, o Rio de Janeiro recebeu 982 mil turistas internacionais em 2010. E o número de visitantes cresce todos os anos, mesmo após o tsunami que varreu a região em 2004.

Phuket (pronuncia-se púkê) é uma das 75 províncias do país e tem no turismo sua principal fonte de renda. Logo na chegada ao excelente aeroporto, dezenas de motoristas abordam os turistas para fazer o trajeto de cerca de trinta quilômetros até a sede da cidade. Na ocasião, eles aproveitam o traslado para vender pacotes de passeios. Evite. Pesquise depois, e com calma. Tal qual o ditado, turista “que come apressado, come cru” e ainda paga caro.

Os preços dos hotéis podem assustar à primeira vista. Não saem por menos de cinco mil a diária. Novamente, calma. Um real equivale a 18 a 20 báhts, a moeda local. Logo, um excelente hotel pode sair por cerca de 250 reais. Todos eles oferecem o típico desjejum do sudeste asiático: sopa de lentilha, macarrão com lascas de gengibre, muitas frutas e sucos. Tomar um café da manhã reforçado é o ideal para encarar um dia cheio de atrações. A praia de Patong, por exemplo, é a mais conhecida e próxima, já que fica na principal orla da cidade. Porém, são também bastante frequentadas as praias de Karon, Kata, Nai Harn e Bang Tao. Como o transporte público não é dos melhores, o turista tem algumas opções: alugar van ou tuc-tuc (veículo típico da Ásia) com motorista, pegar um táxi ou ainda locar moto ou carro. A última é a que mais atende aos turistas: o preço é mais justo e o acesso às praias e templos é facilitado pela sinalização. Além disso, alugar uma moto ou scooter não requer habilitação e faz com que o passeio comece bem antes de chegar às areias das praias. Deslizar pelo asfalto, com o vento no rosto e observando as lindas paisagens com o mar no horizonte já é uma forma de aproveitar o passeio.

Nas praias, os donos de barracas alugam grandes tendas e cadeiras confortáveis. Oferecem drinques com frutas regionais e a cerveja tradicional da Tailândia, a Singha. A areia, fina e branca, possui uma particularidade: depois do tsunami, ficou salpicada com milhares de pequenos pedaços de corais mortos, arrastados pelas ondas gigantes. Além dos redutos famosos, vale uma visita à Paradise Beach, uma praia particular onde o turista paga para entrar (cerca de doze reais o casal), mas, em contrapartida, tem o conforto de não ser importunado por ambulantes. O restaurante local oferece sombras, cadeiras e equipamento de mergulho. Mesmo quem não tem experiência, terá facilidade com o esporte: as águas cristalinas e a baixa profundidade permitem um deslize tranquilo sobre corais, cardumes de peixes coloridos e estrelas-do-mar. Uma boa opção é almoçar por ali mesmo. No cardápio, frutos do mar ainda vivos, guardados numa caixa de isopor com água e, claro, preparados na hora. O destaque é o tiger prawn ou camarão-tigre: São camarões de cerca de 15 a 20 centímetros, suculentos, fritos e servidos numa calda de pimenta com cebolinha e alho.

Um ponto de parada obrigatória é o cabo Promthep, que proporciona aos turistas uma cena inesquecível: trata-se de um santuário-mirante, com dezenas de imagens de elefantes em madeira. Com o pôr-do-sol, as águas do mar e o céu ficam com uma tonalidade dourada, completando o cenário. Programe ao menos um final de tarde para estar lá.

Seja qual for sua religião, não há como estar na Tailândia sem fazer uma visita aos templos budistas. Um dos templos mais conhecidos é o Wat Chalong. Por se tratar de um local sagrado, as mulheres devem usar uma vestimenta especial que cobre o corpo da cabeça ao tornozelo, emprestada às visitantes pelos funcionários. Centenas de imagens douradas dão a clara impressão de andar onde tudo é feito de ouro. O silêncio inspira respeito e do topo do prédio é possível ter uma visão única dos amplos jardins. Ainda nessa linha, outro lugar interessante – apesar de um pouco mais distante - é o Grande Buda. A gigantesca estátua de 45 metros fica no topo de um dos montes mais altos da cidade, o que garante que a imagem possa ser vista de quase todos os pontos da ilha.

Ok, chega de passeio religioso. Afinal, a noite cai e a vida noturna começa na cidade. Patong é o centro nervoso. Pela orla, uma babilônia de sotaques, línguas e fisionomias do mundo inteiro. São muitos restaurantes, e a maioria dispõe aos clientes grandes caixas de vidro com gelo para que ele selecione ali mesmo qual peixe, camarão, lagosta, caranguejo ou ostra vai querer – além de opções menos comuns, como arraia ou carne de tubarão. Os preços são bem em conta. Cada prato para uma pessoa, bem servido, fica em torno de 35 a 50 reais.

A orla é também palco para artistas de rua, vendedores de joias, ternos, souvenirs e toda sorte de bugigangas que o dinheiro pode comprar. Ela termina na Bangla Road, uma ruazinha onde começa a vida noturna mais agitada da ilha. Para chegar, basta seguir o barulho. A rua é fechada para carros pela noite. Ao centro, barracas com comidas típicas, bebidas e fritura. Muita fritura. Ao invés de batatas chips, escolha uma casquinha seca e bem branca. O formato denuncia: é água-viva frita.

Para aproveitar a madrugada, são inúmeras opções. O vai e vem de pessoas e a diferença de som de cada casa de show dão a impressão de ter entrado num tubo de ensaio da vida noturna mundial. Destaque para o Rock City, um dos mais famosos da rua. Se for beber, peça o Barril, o drinque exclusivo da casa: é literalmente um pequeno barril de madeira, onde os atendentes colocam algumas doses de cada bebida do bar. Pagando um pouco mais, você pode levar o barril de madeira para casa – que, conta a lenda, serve de travesseiro aos turistas mais animados que acabam dormindo pelas ruas de Phuket na madrugada.

Depois de um dia inteiro de atividade, nada melhor que acordar e receber uma massagem para iniciar o dia, não? A massagem tailandesa é uma das técnicas mais apreciadas do mundo. Embora muitas vezes seja confundida com algo erótico, esta não é a regra e nem a essência da arte. Longe disso. É uma tradição milenar do país e todos os hotéis oferecem o serviço, além de centenas de pequenas lojas na cidade. Até mesmo nos shoppings de Phuket existem várias casas de massagem – das tradicionais com óleo, até a fish massage, em que o cliente coloca os pés num aquário, enquanto milhares de pequenos peixes dão rápidas mordiscadas, comendo as peles mortas da perna e dos pés.

Com a renovação que a massagem proporciona, o corpo está pronto para mais programação. Um programa imperdível é fazer o passeio de barco até pequenas ilhotas pelo mar, onde surgem cenas ainda mais deslumbrantes. Basta escolher um dos guichês que fica pela rua. A maioria é cadastrada e oferece um bom serviço: carro para apanhar os clientes no hotel, travessia em lancha, visita às praias e baías da região e almoço incluso no passeio, com arroz frito apimentado, frango, peixe e frutas. A parada é necessária, pois a programação começa logo cedo, por voltas das oito horas da manhã e só termina com o pôr-do-sol.

Entre as muitas opções, destaque para o passeio à baía de Phang Nga. Nela, estão as praias mais deslumbrantes da ilha de Phuket. Uma delas fica na Phi Phi Island. Você se lembra do filme “A praia”, estrelado por Leonardo DiCaprio? Pois é, lá mesmo que foi gravado. O local é fascinante: a água cristalina fica com um tom esverdeado por conta da vegetação próxima, e os rochedos altos formam um paredão que dá a impressão de estar numa ilha secreta – tal como a ideia que o filme passa. O único problema é a quantidade de turistas, independentemente da época do ano.

Também é com os passeios de barco que os turistas chegam a outro local fascinante: a ilha James Bond. Ali foram gravadas cenas do filme 007 contra o Homem da Pistola de Ouro, de 1974. Paradisíaca, a praia chama a atenção por conta de um enorme pedaço de rocha que emerge da água, cuja base é menor que o topo, num desafio à lei da gravidade. Nesses passeios de barco são feitas paradas para mergulho, com equipamentos inclusos no pacote. A quantidade de corais e peixes impressiona e a limpidez da água facilita o visual.

Fora os passeios de barco, existem inúmeros pacotes com trekking, passeio de elefante, bungee-jump e toda sorte de esportes radicais e aquáticos. Recentemente inaugurado, o Phuket Fantasea é um parque que também vem atraindo turistas. O complexo é uma espécie de Beach Park, com apresentações artísticas durante a noite, numa espécie de Cirque du Solei. Vale a visita para assistir a apresentação de danças típicas, show com artistas locais e comida. Muita comida apimentada tailandesa.

Antes de ir embora – e se o cartão de crédito permitir – faça uma visita às joalherias da cidade. Ouro, pérolas, rubi, prata em anéis, brincos, braceletes e colares. Tudo que as mulheres amam – e os homens temem. O preço, comparado ao valor cobrado no Brasil, é estimulante.

Não importa quantos dias o turista passe na ilha. Sempre vai ficar a impressão de que foi insuficiente. Se não deu tempo de experimentar a culinária ou a massagem, o aeroporto possui lojas com esse serviço para aqueles que querem curtir tudo até o último minuto. Tudo rápido, em sessões de no máximo quinze minutos; ou iguarias no estilo fast-food. Sim, é um banho de cultura do início ao fim. Tradição asiática adaptada ao nosso jeitinho apressado ocidental.

Informações

Como chegar

Os voos para a Tailândia saem direto de São Paulo, com ao menos uma parada. Dependendo da companhia aérea, a conexão pode ser feita em Istambul (Turquia), Londres (Inglaterra), Paris (França), entre outras opções. O preço direto para Phuket é um tanto salgado (cerca de R$ 4,5 a R$ 5 mil ida e volta). Uma alternativa é optar pelo voo até Bangkok e de lá, escolher outro voo para Phuket, com preços bem mais em conta (cerca de R$ 2,5 a R$ 3 mil ida e volta). As maiores companhias que fazem o trajeto são Air France, Emirates, Qatar Airways e Turkish Airlines.

Conheça mais

Para passar até 30 dias na Tailândia, não é preciso visto de entrada. Porém, o país exige o certificado internacional de vacina contra febre amarela. O clima da Tailândia é muito parecido com o amazônico: quente e úmido. Pelo grande número de turistas, é bom fazer reserva nos hotéis com certa antecedência e a alta temporada da região é entre outubro e julho.

www.tourismthailand.org/phuket - O site oficial do turismo na Tailândia. Excelente para dicas de praias, templos, restaurantes e hotéis.

https://www.rockcityphuket.com - Site do bar com música ao vivo mais conhecido da Bangla Road. Tem fotos e agenda de shows.

https://burasari.com/ - Site do hotel Burasari, citado na reportagem. Fotos, mapa e reservas direto pelo site.

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