Mosaico cultural

Arquitetura imponente, cultura ao alcance de todos e uma das cervejas mais famosas...

21/12/2012 10:27
Mosaico cultural

Quando Amadeus Mozart se sentia incompreendido pelos vienenses, era em Praga onde ele se refugiava para trabalhar em suas composições. Os arquivos literários relatam pelo menos cinco longas temporadas do compositor austríaco na capital da República Tcheca, que, naquela época, já era um grande centro cultural na Europa. Mais de 200 anos depois, Praga continua mais  pulsante do que nunca e o melhor: a rica produção musical vai muito além do estilo clássico.

Localizada na Boêmia Central, uma região no coração da Europa, a cidade sempre foi um ponto de encontro de culturas por sua localização geográfica estratégica. Até 1992, a chamada “Paris do Leste” pertenceu à República Federal da Tchecoslováquia, que unia etnicamente tchecos e eslovacos. Com a divisão do país em duas repúblicas distintas, Praga passou a ser oficialmente a capital da República Tcheca. No mesmo ano, a cidade foi tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.

Situada às margens do rio Moldava (Vltalva, no idioma tcheco), a cidade dourada, como também é conhecida por suas características imponentes, se tornou uma das maiores atrações turísticas do velho mundo, embora seja uma das menores capitais europeias, com cerca de 1,3 milhões de habitantes. O boom de turistas concentrados na parte mais oriental da Europa transformou a rota Praga-Viena-Budapeste em uma das preferidas de viajantes em busca de uma vasta programação cultural. Um simples passeio pelo centro da cidade já revela traços neorenascentistas em muitos dos prédios construídos no século passado. O estilo art noveau presente na arquitetura residencial também revela a influência vienense sobre Praga nos séculos XIX e XX.

Praga a pé

Para contemplar a variedade de estilos arquitetônicos e a infinidade de monumentos no centro histórico, tudo que um turista precisa é disposição para caminhar por ruas, praças e charmosas passagens. Um pouco de paciência na hora de fazer o registro fotográfico provavelmente será necessário, pois, em quase todas as épocas do ano, a cidade está lotada. Isso também faz com que cada metro quadrado de cafés, lojas e galerias seja bastante disputado. Portanto, para quem deseja conhecer o lugar com mais tranquilidade precisa evitar a alta temporada que vai de junho a setembro, regra válida para a maioria das capitais europeias.

O lado prático para o turista é que, apenas caminhando, é possível conhecer toda a parte histórica da cidade, que está dividida basicamente em quatro áreas: Cidade Velha, Cidade Pequena, Castelo (Hradcany, é o nome em tcheco) e Cidade Nova. O roteiro histórico pode começar a partir do Castelo, que na verdade é um complexo cercado de palácios, igrejas  e mosteiros construídos em cima de uma colina e que  serviam de residência para os reis, duques e clérigos da Boêmia. É o lugar que marca a origem da cidade entre os séculos IX e X.

O destaque do Castelo de Praga fica por conta da imponente Catedral de São Vito, construída inicialmente no século XIV e pode ser vista de vários pontos da cidade. A maior igreja da República Tcheca erguida em estilo gótico é, sem dúvida, um dos cartões postais mais bonitos de Praga. A Catedral de São Vito abrigava os rituais de coroação e servia como lugar de sepultamento dos antigos reis da Boêmia. Quem passar por lá também irá encontrar um conjunto de belos mosaicos nas janelas laterais indicando o trabalho de importantes artistas tchecos do século XX, com imagens de santos da cultura eslava.

Ainda no castelo, encontram-se importantes atrações turísticas, como o antigo Palácio Real, com três andares construídos em épocas distintas, a Basílica de São Jorge, a Torre de Pólvora e a Viela Dourada, com pequenas casinhas que serviam de moradia para os guardas e artesãos que cuidavam do castelo. Vale lembrar que, em razão da grandeza do lugar, o ingresso para os visitantes é válido por três dias,ou seja, se o turista se sentir cansado no primeiro dia, pode tranquilamente voltar no dia seguinte e explorar o local com mais tranquilidade.

Saindo do complexo, a pedida é dar uma volta pela Cidade Pequena e visitar a igreja de São Nicolau, construída no século XVIII em estilo barroco ou apenas caminhar pela rua Nerudova e apreciar as fachadas residenciais com símbolos que serviam para identificar o endereço das casas na Idade Média. A rua também é muito conhecida pelo grande número de lojas de souvenirs que possui, mas redobre a atenção: diferente de outras áreas da cidade que cobram os preços em coroa tcheca, quase tudo na Nerudova já é cobrado em euro, inclusive com preços tabelados em inglês. Portanto, para quem gosta de pechinchar, vale a pena investir em ruas com menos movimento.

Na Cidade Pequena, também está localizado o Museu Franz Kafka, que traz detalhes da vida de um dos mais importantes escritores do país e da Europa. A exposição permanente sobre Kafka traz um rico acervo de fotografias, manuscritos e filmes que mostram o difícil relacionamento que o artista tinha com o pai, um comerciante de origem judia, além de dramas amorosos e o cotidiano do escritor nos círculos literários de Praga.

A Ponte de Carlos sobre o rio Moldava, construída no século XIV durante o reinado de Carlos IV, separa a Cidade Pequena da Cidade Velha. Principalmente em dias ensolarados, é comum encontrarmos artesão e músicos que fazem da ponte uma atração à parte na cidade. Já na Cidade Velha, o charme fica por conta das inúmeras vielas, entre elas a Karlova, cheia de cafés, restaurantes, lojas e pequenas galerias de artes que acentuam ainda mais a efervescência cultural da Praga. Na praça da Cidade Velha, estão pontos turísticos importantes, como a prefeitura e o relógio astronômico da Câmara Municipal. A Cidade Nova é o bairro onde estão concentrados muitos restaurantes, hotéis e discotecas da cidade. Lá também se encontram monumentos como o Museu e o Teatro Nacional.

Cidade Musical

Praga é, sem dúvida, um lugar que não vive apenas de seu rico passado cultural. A produção musical nos dias de hoje mostra que o título de “Praga Dourada”, usado na época em que Mozart andava pela cidade, continua mais atual do que nunca. Um exemplo disso é a grande quantidade de clubes de jazz espalhados pela cidade. Personalidades importantes como Bill Clinton já deram “canjas“ jazzísticas por lá. Muitos artistas contemporâneos de todo o mundo também escolheram a cidade para viver em função da intensa produção musical.

Por outro lado, a tradição da música clássica continua tão viva na capital que um dos programas culturais mais comuns para turistas é aproveitar as ofertas de concertos de música clássica que são oferecidos quase todos os dias por vendedores nas ruas. Uma dica é negociar o preço sempre, pois, dependendo da época do ano, o valor do ingresso pode cair pela metade. Os concertos duram, em média, 1 hora e meia e trazem um mix de grandes compositores como Vivaldi, Mozart, Bach e o tcheco Dvorák, por exemplo. Geralmente são executados em capelas e catedrais espalhadas pela Cidade Velha. Um programa quase obrigatório em Praga.

E, por falar em programa obrigatório, vale ressaltar que Praga possui um bairro judeu muito importante para a história da cidade e que merece, pelo menos, uma parte do dia para ser visitado. O bairro Josefov possui uma identidade própria muito marcante. A área começou a se desenvolver ainda no século XII com a vinda de comerciantes judeus para a cidade tcheca. Lá, estão localizadas várias sinagogas, um museu, um cemitério e ainda restaurantes com comida típica da culinária judaica.

Tradição Boêmia

Não é por acaso que os tchecos disputam com os alemães o título de maiores consumidores de cerveja na Europa. Há quem diga até que nesse quesito os tchecos saem na frente. O país tem uma tradição que faz com que a cerveja tcheca (pivo) seja considerada uma das melhores do mundo. Pilsner Urquell e Budweiser são apenas algumas das marcas mais conhecidas, mas uma boa cerveja escura também pode ser degustada facilmente em qualquer pub da cidade. Para quem não abre mão do roteiro etílico, recomenda-se apenas disfrutar os bares instalados em porões das casas antigas ou simplesmente entrar em qualquer Pivo Bar espalhado pelo centro histórico. O visual rústico e acolhedor dos bares é convidativo e um ponto de encontro sagrado para o povo tcheco.

Em matéria de culinária, a tradição boêmia também oferece opções gastronômicas bem interessantes. Os pratos com carne de porco são os preferidos da população , mas nem só de carne suína vive a cozinha tcheca. O Gulasch, um guisado de carne de vaca acompanhado de pedaços de pão (%u010Deský knedlík), típicos da cozinha boêmia , também costuma ser oferecido como especialidade em muitos restaurantes. O pato ao forno também aparece como uma recomendação aos visitantes e, se o turista for paraense, o prato pode ter um sabor a mais. Depois da jornada gastronômica, reserve espaço para sentar em um dos muitos cafés charmosos de Praga. Aproveite cada minuto da bebida e lembre-se de que talvez, naquele mesmo local, estiveram um dia grandes personalidades da arte e da cultura mundial. Afinal, ir à Praga e não sentar em um café é como ir à Paris e não conhecer a Torre Eiffel.

Havana

Moro em Cuba, em uma pequena cidade chamada San Antonio de Los Baños. Aqui, estudo Televisão e Novos Meios na Escola Internacional de Cine y Television de San Antonio de Los Baños, a EICTV. Vivo em uma parte um pouco isolada, onde a maior coisa é realmente a escola, mais ou menos a uma hora de Havana, nossa capital e maior cidade – um lugar incrível, onde eu estou constantemente. Havana é apaixonante. Primeiro, você se enamora como turista, é claro, com os olhos de quem vê pela primeira vez as construções dos anos 50, os carros antigos e todo esse visual. Depois que você está já há algum tempo e começa a entender um pouco da dinâmica do lugar, se apaixona pela gente que faz a cidade e as histórias que eles têm para contar (e são muitas!). Em cada esquina, existe um centro cultural, um bar, um teatro, um cinema, um museu, frequentados sim por turistas, mas em grande parte pelos próprios cubanos.

A segurança chama muito a atenção de quem vem por aqui. É o lugar mais seguro em que já estive. A gente caminha tranquilamente pela rua, sem se preocupar com nada em qualquer hora do dia. Também merece destaque a quantidade de bons lugares para se conhecer. Indico o Malecón, que é uma grande orla onde se vê o mar do Caribe – é um visual hipnotizante. A maioria dos turistas frequenta a região da “Plaza Vieja” e cercanias, onde há muitos restaurantes e produtos como souvenires. Mas o melhor de Cuba é caminhar e descobrir as atrações que agradam a cada um. Sempre terá uma peça ou um filme para ver, mas também boa música e o que mais você encontrar. O melhor está nas surpresas. Há períodos mais interessantes, dependendo do que você queira ver. Por exemplo, quando a capital recebe como o internacional de dança e o Festival de Cinema de Havana – que, em dezembro, lota a cidade com gente de todas as partes. Fora isso, ainda é bom arrumar um tempinho para conhecer o Museu Nacional de Bellas Artes, o Teatro Nacional, o Teatro El Público e o Cine Infanta. Você não vai se decepcionar!

Outra dica bacana é pegar uma pequena embarcação e ir ao outro lado, em Casablanca, para conferir a arquitetura e a vista do outro lado do mar do Caribe. É bonito e romântico, um passeio inesquecível. Quando você se programar para vir visitar Cuba, fique atento à época do ano. Aqui, faz calor quase sempre, por se tratar de um pedaço do Caribe. Mas, quando chega setembro, as temperaturas caem bastante e fica assim até março. Nesse período, o clima fica em torno dos 20 graus. Se a sua vinda coincidir com esse intervalo, um casaco é sempre uma boa companhia, principalmente à noite.

Como fico aqui até 2015, que é quando me graduo no curso, ainda virão muitas impressões sobre Havana e sobre os outras regiões de Cuba que planejo conhecer. Mas posso adiantar que qualquer vinda, em qualquer momento, vale muito a pena.

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