Mulheres de Aço

No Dia Internacional da Mulher conheça a história de algumas trabalhadoras que venceram o preconceito e, literalmente, botaram a mão na massa

08/03/2012 12:16 / Por: Elianna Homobono/ Fotos Divulgação
Mulheres de Aço

Todo dia ela troca o salto por botas pesadas, apropriadas para o trabalho que desempenha, num ato que dá início a mais uma jornada no canteiro de obras. Há um ano, Sebastiana do Socorro, 52, carrega consigo ferramentas de trabalho que incluem luvas, capacetes e uma espátula para executar o serviço de acabamento da obra para a qual trabalha desde que o empreendimento da Leal Moreira entrou na fase que precede a entrega aos proprietários. Sebastiana integra as estatísticas apresentadas na última terça-feira, 6, pela Secretaria de Trabalho do Estado do Pará (SETER), que mostram o aumento no número de mulheres em postos destinados ao setor da construção civil. Foram 1.354 novas vagas ocupadas por pessoas do sexo feminino, em 211, neste setor.

A construção civil é terceiro setor da economia paraense que mais emprega as mulheres no Estado, segundo corroboram os dados divulgados pelo Dieese-Pará, em parceria com a SETER e que teve como base informações do Caged/MTE. Apesar de ser um setor que ainda ainda absorve trabalhadores do sexo masculino para as principais funções no canteiro de obras, como pedreiro  carpintaria, são as mulheres as responsáveis para funções que exigem delicadeza, como explica o engenheiro da Leal Moreira, Délio Arnour.

“Com o aumento no volume de obra na capital paraense, também aumentou o número postos de serviços nestes empreendimentos, portanto tanto homens como mulheres estão sendo chamadas pelas construtoras. E, por ter um perfil mais cuidadoso, a mulher consegue desempenhar com maior qualidade funções destinadas a fase final de obra, para aquilo que chamamos de “limpeza fina”, que acontece antes do apartamento ser entregue ao proprietário. Elas ficam responsáveis em realizar, por exemplo,  por fazer o acabamento no revestimento da cerâmica no piso e nas paredes”, disse o engenheiro da Leal Moreira.

A construtora registra o crescimento de 10,46% no número de contração de mulheres nos últimos dois anos. Elas ainda ocupam cargos nos canteiros obras, como Servente de obras, Auxiliares Administrativas, Técnicas em edificações, Técnicas em Segurança no Trabalho e Engenheira do Trabalho.

Segundo Maria das Dores, 49, que hoje trabalha ao lado de mais duas mulheres na fase de acabamento dos apartamentos no quarto andar do mesmo empreendimento, esta é uma das funções com a qual ela mais se identifica. “Eu faço tudo com muito cuidado. A gente aplica o rejunte nos pisos, o que é um trabalho muito delicado e depois retira o excesso e deixa tudo perfeito para o ‘mestre’ apresentar o produto ao proprietário. Por isso, que tem de ser tudo perfeito”, explica Maria das Dores.

Já Maria Raimunda Lobo, contratada há seis meses pela mesma construtora, admite que é necessária paciência feminina para finalizar o trabalho deixado pelos homens na fase de construção do empreendimento. “É a mesma paciência que temos quando cuidamos da nossa própria casa, e é pra lá que voltamos depois de cuidar de apartamentos. Nós voltamos para a nossa família e cuidamos dos nossos filhos. Não deixamos nunca de ser mulher”, afirmou Maria Raimunda.

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