No fim do mundo

Se você já ouviu a frase "no fim do mundo", saiba que ela tem localização precisa no mapa.

11/04/2014 12:01 / Por: Dominik Giusti/ Fotos: Divulgação/internet
No fim do mundo

A imponência da Cordilheira dos Andes impressiona. Na chegada de avião a Ushuaia, na província de Tierra del Fuego, no extremo sul da Argentina, é possível ver as montanhas de perto. São quatro horas de voo, partindo de Buenos Aires. Única, após este monumento da natureza, a pequena cidade de 56 mil habitantes oferece em toda sua extensão, vista para a cordilheira, em plena região da Patagônia. No verão, há pouca neve; no inverno ficam totalmente brancas, cobertas de gelo. Mesmo com as temperaturas gélidas e os dias nublados durante a maior parte do ano, algo místico encanta: estar na cidade mais austral do planeta, que recebeu a alcunha de “Fin del Mundo”. Com este apelo, o lugar tornou-se um dos principais destinos turísticos da Argentina.

Poder chegar até as montanhas, explorar a paisagem e sentir baixas temperaturas. Fazer trekking e esquiar são os maiores atrativos da cidade. Para quem deseja fazer passeios carregados de aventura e busca contato com a natureza, Ushuaia oferece bons passeios. Mas é necessário ter preparo físico e estar disposto a fazer longas caminhadas e percursos com subidas e descidas constantes. Entre os lugares imperdíveis, estão o Parque Nacional Tierra del Fuego, com trilhas delimitadas para caminhadas em grupo e até mesmo com infraestrutura para acampamento, e o Glaciar Martial, localizado apenas a sete quilômetros do centro da cidade, onde é possível subir a montanha. No local também há um teleférico, temporariamente fechado, três lanchonetes e uma loja de souvenirs. Das montanhas para o mar, para quem deseja passear pelo Canal de Beagle, várias empresas oferecem o serviço, com preços e lugares distintos.

Além disso, Ushuaia ficou conhecida também para quem gosta de esquiar, mas as estações só funcionam no inverno. O mais conhecido é o Cerro Castor, distante 26 quilômetros da cidade, que este ano terá início no próximo dia 20 de junho e encerra em 5 de outubro. O centro conta com uma escola de esqui e snowboard, lojas de aluguel de equipamentos para praticar o esporte, restaurante, shopping.


Para quem gosta de fazer compras, Ushuaia também tem muita opções de lojas. A avenida San Martin, paralela à avenida Maipu, onde fica o porto, é bastante movimentada. Há muitas marcas famosas por lá, mas como a cidade atrai muitos turistas, os preços são equivalentes aos do Brasil. No entanto, se deseja algo mais barato, também há outlets multimarcas. Agora cuidado com o horário: em Ushuaia existe a sesta, logo a maioria dos estabelecimentos abre às 10h e fecha às 13h ou 14h e só reabrem às 15h30 ou  16h, e permanecem abertas até 21h. Alguns restaurantes também costumam fechar às 15h. Quase todos os estabelecimentos aceitam Real, dólar e euro.



Navegação pelo Canal de Beagle

Pelo mar, há ainda passeios de barco pela Baía Ushuaia e pelo Canal de Beagle. Muitas empresas fazem este passeio, em iates ou veleiros – estes mais usados no verão. São três horas percorrendo as ilhas onde ficam os leões-marinhos de várias espécies, aves típicas da região, como o alakush (o pato voador), e ainda pelo arquipélago Les Eclaireurs, ícone da cidade mais austral do mundo.  Algumas empresas oferecem ainda trekking de uma hora por uma das ilhas do arquipélago. Os passeios mais completos oferecem passeio pelas ilhas de pinguins.

O frio nas ilhas é assustador por conta da velocidade dos ventos. No caminho, também é possível ver vários tipos de algas marinhas da região, algumas comumente usadas para alimentação e para cosméticos, como por exemplo a macrocystis integrifolia, muito abundante na costa.


Com auxilio de um guia, os turistas também conhecem um pouco mais sobre a história da região: vestígios arqueológicos dos Yamanas, povo nativo da região antes da chegada dos europeus, ainda podem ser vistos. Eles viviam no local sem proteção para o corpo, apenas com o óleo de leões-marinhos, usado para passar na pele. Se o vento estivesse forte, protegiam-se entre as pedras. A temperatura corporal era de 38 graus Celsius, o que ajudava a manterem-se aquecidos.  O próprio nome da província, “Tierra del Fuego”, surgiu quando dos embates entre os dois povos. Os Yamanas, ao avistarem os europeus em suas embarcações, começaram a atear fogo no que havia disponível, fazendo com que a área costeira ficasse tomada de fumaça. O primeiro nome então, para o local, foi de “Tierra del Humo”. Mas se onde há fumaça, há fogo, o nome foi posteriormente alterado.



Parque Nacional Tierra del Fuego

O lugar preferido dos aventureiros é o Parque Nacional Tierra del Fuego, que possui 68 mil hectares e trilhas delimitadas para longas caminhadas. Distante 11 quilômetros do centro da cidade, para chegar até lá é preciso pegar uma van chamada “Linea regular”, na avenida Maipu, próximo ao porto de Ushuaia, que custa 150 pesos argentinos, ida e volta. Na entrada do parque, brasileiros pagam 80 pesos para entrar, valor reduzido para habitantes do Mercosul. O valor normal é de 110 pesos. Na entrada do parque todos os visitantes recebem um mapa do local e um informativo com todas as dicas necessárias.

A van oferece descidas em quatro pontos e dependendo de quantos quilômetros se deseja percorrer a pé, é possível escolher o ponto de descida. Há quatro possibilidades de trilhas: a primeira, chamada “Pampa Alta Trail”, tem nível de dificuldade moderada e 4,9 quilômetros de extensão, com tempo estimado para percorrê-la de uma hora. A vista é para o Canal de Beagle, com caminhada por dentro do bosque, com árvores e outras espécies da flora da Patagônia. A segunda trilha, “Costera Trail”, exige mais preparo: tem aproximadamente oito quilômetros e dura, em média, três horas. No caminho, percorre-se entre os bosques e áreas costeiras da baía Enseada, com vistas belíssimas para as montanhas, o mar e a floresta.
Já na “Hito XXIV Trail”, a caminhada é pela área do Lago Roca, em uma caminhada de sete quilômetros, com tempo estimado de três horas. A quarta trilha “Cerro Guanaco Trail” é para quem já tem habilidades com trekking, já que é considerada de nível extremo. São quatro quilômetros de caminhada até o topo da montanha. Esta trilha inicia no Lago Roca.

Ao final das trilhas, há uma grande cafeteria chamada “Alakush”, onde há também um pequeno museu sobre a fauna e flora da Patagônia, e a sala “Maia-Ku”, com a história ilustrada da Patagônia, com seus povos, os glaciares, além de mostra das espécies animal e vegetal. Andando mais quatro quilômetros, chega-se ao final da cidade, o ponto mais ao sul de Ushuia, no final da Baía Lapataia, onde se tem as distâncias para o Alaska e para Buenos Aires.

Glaciar Martial

Distante sete quilômetros do centro da cidade, o Glaciar Martial está localizado no complexo de montanhas de mesmo nome, uma homenagem ao francês Louis Ferdinand Martial, comandante de uma expedição científica francesa, que teve início em 1882. Para chegar até lá, também é necessário pegar uma van na avenida Maipu, ao custo de 60 pesos, ida e volta.

No verão e no outono, a subida é feita ainda com as pedras aparentes. À medida que se avança em direção ao topo, a neve aparece mais acumulada. O vento muito forte aumenta a sensação do frio. A magnitude das montanhas é algo arrebatador: estar no meio da cordilheira é emocionante. A altitude também aumenta a sensação de cansaço.

No local há um teleférico, porém está fechado. Duas casas de chá oferecem serviços gastronômicos para os visitantes. Além disso, há uma loja de souvenirs, onde é possível encontrar também chás e comidas típicas dos Andes.

Museus

Para contar a história do lugar, há diversos museus pela cidade. O Museo del Fin del Mundo apresenta aspectos da vida em Ushuaia desde a época pré-colombiana até o século XX. Já o Museo Maritimo de Ushuaia é um complexo de museus que reúne ainda o Museo del Presidio, o Museo Antartico e o Museo de Arte Marino. Sobre os povos nativos, há também o Museo Yamana.

Mais matérias Pelo Mundo

publicidade