O supérfluo necessário

Além das compras do mês: os empórios gourmet trazem para Belém novas possibilidades gastronômicas.

25/09/2012 12:35
O  supérfluo necessário

Encontrar ingredientes especiais para preparar em casa pratos diferentes ou receitas de livros e revistas gourmet não é mais um problema em Belém. Com a abertura de novos empórios nos últimos dois anos, quem gosta de impressionar na cozinha tem um novo leque de possibilidades com requintes do artesanal ao mundial.

Para Marcelo Magalhães, 35 anos, assíduo freqüentador de empórios e apaixonado por gastronomia, o que está por trás do sucesso dessas lojas é a crescente valorização da culinária, que desperta o desejo de sair da rotina e ousar em receitas novas. Segundo ele, que também é diretor executivo de um empresa especializada em pesquisa de mercado, esse novo hábito de consumo está ligado ao maior acesso à informação e ao poder de compra.

Um dos reflexos do momento especial da economia, que proporciona ao consumidor a realização de pequenos prazeres da mesa, é a aquisição de produtos importados pelo melhor preço.  Além disso, diferente dos grandes supermercados, nos empórios há um relacionamento direto com os proprietários, recriando a atmosfera das antigas mercearias. “O que mais me atrai é a proximidade com os donos, que conversam, explicam receitas, dão dicas, como antigamente”, afirma Magalhães.

Qualidade artesanal

Foi nesses moldes que as chefs de cozinha Solange Sabóia e Ilca Carmo criaram o espaço gastronômico Santa Chicória, inaugurado há apenas cinco meses. “Não queremos ser um mercadinho. Pensamos em fazer um pequeno empório, com itens preparados por nós”, conta Solange. Elas criaram um cardápio de produtos artesanais com pães sem conservantes, temperos, antepastos, doces finos, azeites e cachaças aromatizadas com sabores inusitados, que já caíram no gosto da clientela, como a de jambu.

“Temos as cachaças interessantes e as gostosas”, diferencia Ilca, com sabores como cupuaçu, bacuri, graviola e taperebá que têm mais chances de cair bem no paladar; já a aguardente  feita de jambú desperta o gosto pela novidade. Outra especialidade da casa é a geleia de tomate com pimenta, um dos antepastos mais pedidos. “As pessoas estão criando o hábito de cozinhar em casa, se arriscando em receitas novas e, para isso, precisam de ingredientes especiais”, garante Solange. O espaço gastronômico prevê ainda uma escola de cozinha, que será aberta em breve.

 Rápido e prático

Na contramão dos desbravadores da gastronomia, os empórios também são frequentados por quem não tem tempo para cozinhar. Pessoas que moram sozinhas e com ritmo de trabalho acelerado encontram nesses espaços soluções práticas para se alimentar de maneira saudável e não se atrasar para os compromissos do dia a dia. “Temos clientes que vem aqui três vezes ao dia”, afirma Mauro Costa, gerente geral do grupo Cidade, que administra o Delicidade Empório Gourmet. A loja tem opções de café da manhã, almoço e jantar, bem como oferece todo o mix de ingredientes para quem gosta de receber em casa, desde antepastos, pães, especiarias, a cortes de carne especiais, frios e vinhos importados.

O Delicidade Empório é considerado uma das melhores padarias da cidade, premiado por revistas e guias especializados.  O local ainda tem um diferencial [como não poderia deixar de ser]: garante o pão francês [o “careca” para os paraenses] nosso de cada dia, além de pães integrais, italianos, suecos, australianos e árabes. Com dois anos de funcionamento, Costa conta que a iniciativa surgiu para atender, sobretudo, o público gourmet e, para isso, visitou vários empórios no Brasil, de São Paulo a Fortaleza. A clientela, porém, tem diferentes perfis, com diferentes necessidades que as redes de supermercado locais não suprem. “Temos público para todos os tipos de produtos”, afirma.

Do oriente ao mundo

Pioneiro em Belém, a Nippobraz começou como casa especializada em pescados e mariscos há quase 15 anos e ficou famosa pelo salmão defumado e camarões frescos. Aos poucos, foi diversificando os produtos e passou a oferecer tudo para sushis e sashimis, desde os ingredientes aos apetrechos para o preparo. Com isso, tornou-se fornecedor de mais de 200 restaurantes na cidade e um empório especializado em culinária japonesa e oriental, onde se pode encontrar até saquê com flocos de ouro. 

Para Tomoaki Kishimoto, um dos sócios do empório, os clientes da loja buscam ser surpreendidos com coisas incomuns e exóticas, tendo a garantia da qualidade. “As pessoas vêm passear com calma, olham, perguntam, demoram mais para fazer as compras”, descreve Kishimoto. “São clientes que não gostam de enfrentar a fila dos supermercados”, afirma.

Por isso, o negócio não se limita às iguarias do oriente e abre para o mercado paraense dois mil itens vindos de mais de 15 países diferentes. Um lugar para comprar sorvetes coreanos, molhos de ostras, vários tipos de ovas, carne de rã, filé de enguia, peixes japoneses, lula africana, vieiras e centolas - um caranguejo gigante, típico do mar chileno. Atende ainda a demanda de legumes frescos, como aspargos, cogumelos e pepinos nigauri, além de grãos e massas importadas.

Vindo do Japão para o Pará aos oito anos de idade, Kishimoto defende que aqui as pessoas não têm muitas restrições para experimentar novos sabores. “O paraense não estranhou a comida japonesa. Isso ajudou muito a divulgar nossos produtos, principalmente os exóticos”, acredita.

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