Tesouro Inca

A cidade perdida dos Incas revela sua beleza e segredos aos que desejam aventura e auto-conhecimento.

13/03/2012 17:04 / Por: Vanessa Libório / Fotos: Arquivo pessoal
Tesouro Inca

Há quem acredite que existe muito mais além do que já foi descoberto, outros preferem não arriscar… Certo mesmo é que, em meio a tantas incertezas, quando se fala de Machu Picchu, o comentário é uníssono: “Privilegiados são os que um dia estiveram ali!” Pode dar um ‘ok’ naquela lista dos ‘20 lugares que não podemos deixar de conhecer no mundo’.

A “Velha Montanha” na linguagem Quéchua, ou “Cidade Perdida dos Incas” como também é chamada, é um lugar cheio de mistérios, de luz espiritual e de encantamentos. Tem a imponência comum a todas as montanhas e um ‘quê’ de paz. A 2.560 metros acima do nível do mar, a sensação é de estar perto do céu… Esse templo de reflexões ficou escondido por praticamente cinco séculos e mesmo depois de tanto tempo, continua intacto! É de arrepiar!

Depois da construção, os historiadores dizem que os incas fecharam as vias de acesso a Machu Picchu – não se sabe exatamente o motivo. Em 2011 o mundo comemorou os 100 anos da descoberta da montanha.

Machu Picchu é um lugar onde os questionamentos tomam conta da mente e a perfeição, dos olhos. Tudo parece um grande labirinto, mas logo percebemos que a cidade construída na área mais inacessível dos Andes, escondida dentro da floresta tropical, parece ter sido feita sob medida, em pleno século XV. Logo descobrimos que o tal labirinto é mais organizado e mais preciso que muita obra moderna do século XXI.

Não importa quantos minutos ou quantas horas se passa ali: duas viagens inevitavelmente vão acontecer: uma no tempo e outra (mais longa ainda) para dentro de nós mesmos.

Existem várias maneiras de chegar lá. A mais tradicional é de trem de Cuzco até Águas Calientes e depois de micro-ônibus de Águas Calientes ao topo da montanha. As mais aventureiras e desbravadoras não incluem nenhum veículo motorizado. Antes de decidir como você prefere ir, primeiro é preciso chegar na cidade de Cuzco a 1.165 km de Lima, capital do Peru. Cuzco é linda! A cidade inteira parece ter sido tingida em marrom, tom que predomina em função do uso de madeira envelhecida, antiga, nas obras. Num contraste contagiante, há jardins coloridos e bem cuidados por todos os lados e sempre cheio de gente dos cinco continentes do mundo circulando pelas ruas estreitas. É uma cidade pequena, que sobrevive do turismo. As temperaturas normalmente são muito baixas. Todas as pessoas que vão a Machu Picchu passam por Cuzco. É lá que tudo começa.

Basta andar um pouquinho pelas ruas para encontrar dezenas de pessoas com panfletos – são as centenas de agências de viagens, oferecendo pacotes para ir a Machu Picchu. É preciso buscar algumas informações antes, para não cair em armadilhas do tipo: viagens caras, trajetos óbvios.

Viagens muito baratas, perigo à vista.

Para os bem dispostos, aventura é palavra de ordem. Você pode optar por um passeio confortável ou pode fazer a trilha Inca, ou Inka Trail, a pé. A pé? Sim, exatamente isso! A mesma por onde os Incas passaram carregando pedras nas costas para construir Machu Picchu!

Percorrer a trilha leva quatro dias, em mais ou menos 150 quilômetros de trajeto. Longe de qualquer luxo e tecnologia durante essa empreitada, o encontro é entre você e... você mesmo, ainda que esteja em meio a um grupo de treze pessoas de todos os cantos do mundo. São holandeses, australianos, chilenos, suecos, alemães, franceses e brasileiros convivendo em perfeita harmonia, é claro! As longas andanças trazem uma certa tranquilidade aos viajantes que mesmo em meio ao cansaço, logo têm o semblante suave e cheio de satisfação.

O objetivo é um só: andar, andar e andar até chegar no topo da montanha. Os caminhos são apaixonantes; um misto de prazer e sacrifício. Há momentos, é claro, em que a gente acha que não vai aguentar… Muito altitude, cansaço. Porém somos embalados por paisagens que só a retina humana consegue registrar… nem a melhor das câmeras fotográficas é capaz de transmitir o que se vê durante essa caminhada. É um presente da natureza! Montanhas, cachoeiras, rasgos no meio da montanha com a nascente de um rio, um silêncio que convida à reflexão.

Somos orientados pelo staff da agência a levar o mínimo de coisas possível, afinal, não há onde deixar a mochila. Durante todo o trajeto ela está ali, nas costas dos viajantes. É preciso levar peças para o frio e para o calor já que a temperatura varia muito durante o percurso. Ah, o passaporte é indispensável! Machu Picchu é um Patrimônio da Humanidade e um Santuário Histórico. Para entrar, tem que carimbar!

      

Diário de viagem

Primeiro dia

Um micro-ônibus leva o grupo de Cuzco até o vilarejo de Ollantaytambo, em uma viagem que leva uma hora e meia. A partir daí, esqueça qualquer tipo de conforto. É hora de pedalar: quatro horas entre descidas e subidas de montanha até a cidade de Santa Maria. Haja fôlego e disposição! Um baita frio e uma adrenalina gostosa nos acompanham durante o percurso.Santa Maria é um pequeno vilarejo entre montanhas. Os peruanos que vivem ali já estão acostumados com esse entra e sai de viajantes. Estão sempre sorridentes e dispostos a ajudar os aventureiros. Passamos a noite lá na maior simplicidade.

Segundo dia

É preciso não desviar o foco! São oito horas de caminhada até outro vilarejo, o de Santa Tereza. São aproximadamente 50 km de distância. As montanhas são bem mais íngremes, o terreno irregular e o cansaço é um companheiro constante até para os que têm bom condicionamento físico. Em alguns trechos estamos a 4.200 metros do nível do mar. O ar fica rarefeito e a folha de coca, comum e permitida na região, ajuda a normalizar a respiração. Para esquecer o cansaço nada como levantar a vista e observar as molduras que nos cercam… No meio do nada, como pequenas formigas, estamos rodeados de gigantescas e belas montanhas! Esplêndido! Minutos antes de chegar a Santa Tereza somos presenteados com magníficas piscinas termais. As bordas são montanhas e os holofotes, a lua cheia!

Terceiro dia

São seis horas de caminhada até Águas Calientes. Os pés estão cansados, cheios de calos, a musculatura da perna treme, a respiração começa aos poucos a se adaptar à altitude… Estamos cada vez mais perto do objetivo. O guia aponta para o lado e diz: “Machu Picchu está quatro montanhas atrás dessa aqui!” O grupo se arrepia! E pensa: “Como os incas conseguiram fazer todo esse trajeto a pé, com toneladas e toneladas de pedras nas costas? Como isso foi possível?” Por 15 quilômetros do trecho a caminhada chega a ser perigosa. Um deslize pode ser fatal… Imagina fazer isso várias vezes no dia carregando pedras de granito? É realmente impressionante…

Para chegar em Águas Calientes é preciso caminhar pelos trilhos do trem, o mesmo que transporta de forma clássica outros viajantes. Neste trecho há menos montanhas e muitas pedras. É possível ver o topo de Machu Picchu. O grupo para… e admira!

A chegada em Águas Calientes é comemorada por todos como uma grande conquista! Mas só a primeira etapa foi cumprida. Águas Calientes é uma pequena cidade já bem mais estruturada do que as outras por onde passamos, que serve para os visitantes de Machu Picchu dormirem, e fazerem as refeições. É bem pequena, mas oferece o apoio de que os viajantes necessitam.

Quarto e último dia

O cansaço chega ao extremo, mas a ânsia de chegar ao destino impulsiona… Ainda de madrugada, um frio de 10ºC nos acompanha. Quanto mais em cima estamos, mais calor vai ficando e aos poucos vamos nos descascando. Uma hora e meia depois, chegamos finalmente a Machu Picchu, antes de o Sol nascer, às 06h30 da manhã. Um forte nevoeiro escondia as belezas do templo.  Às 08h, o Astro-Rei apareceu e as nuvens abriram alas. Somos atraídos como ímãs a explorar aquilo… É impressionante a quantidade de áreas existentes para a agricultura. Após a construção total da “Cidade Inca”, eles passaram a viver ali e para não ter que subir e descer tantas vezes em busca de alimentos fizeram o próprio terreno para garantir a sobrevivência.

Machu Picchu recebe em média 500 mil turistas por ano. No complexo, existe ainda outra montanha chamada ‘Huyana Picchu’. Nesta montanha só entram 400 pessoas por dia. O primeiro grupo de 200, às 07h da manhã. O segundo às 10h. Ao meio-dia, a montanha é fechada. O objetivo é contemplar “A Velha Montanha” de frente. Do topo, observamos o desenho de Machu Picchu de frente, é como um condor… Chegar lá exige mais preparo físico, atenção e foco. A montanha é cheia de armadilhas e bem mais alta do que Machu Picchu.

Antes de sair do complexo, admire, registre tudo! Reflita, volte no tempo… Avance o relógio…Observe, se contagie pela determinação dos Incas e saia de lá com a deliciosa sensação de que o impossível é apenas um desafio!

COMO CHEGAR E ONDE FICAR

Para os mochileiros:

Loki (Hostel)

Endereço: Calle Santa Ana, nº 601 - Centro Histórico

Tel: 00 (XX) 51 8424-3705

E-mail: cusco@lokihostel.com

Diárias variam de: U$$ 8 a U$$ 120

Site: www.lokihostel.com/es/cusco

 

Wild Rover (Hostel)

Endereço: Calle Matara, nº 261

Tel: 00 (XX) 51 8423-2300 ou 8422-1515

Diárias variam de U$$ 7 a U$$ 30

E.mail: cusco@wildroverhostels.com

Site: www.wildroverhostel.com

 

Sonesta Hotel/Cuzco

Endereço: Av. El Sol, nº 954

Tel: 00 (XX) 51 8458-1200

Diárias a partir de R$185

Site: www.sonesta.com/Cusco

 

Para chegar a Cuzco saindo de Belém:

Belém/São Paulo/Lima/Cuzco

A única companhia aérea brasileira que faz voos para lá é a TAM

www.tam.com.br

A Lan Airlines também opera com saídas de São Paulo em voos diretos.

São Paulo/Cuzco

www.lan.com

Quem preferir pode ir até Lima de avião e depois pegar um ônibus até Cuzco. São em média 18 horas de viagem, 1.165 km.

A Companhia Aérea TACA faz voos diários Lima/Cuzco

www.taca.com

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