Arte e história na comida de rua em Palermo

Chef Andressa Martorano conta experiência ao Portal LiV

31/01/2023 15:45 / Por: Laylton Corpes / Fotos: Divulgação
Arte e história na comida de rua em Palermo

Chef Andressa Martorano (Acervo Pessoal)
Roma, Milão, Veneza… Sem dúvidas, a Itália tem seus encantos. Palermo, a capital da Sicília, também é um deles. Se a arquitetura conta parte da história de um lugar, a gastronomia também tem muito a seu favor. A chef Andressa Martorano é residente da Itália e contou para o Portal LiV a sua experiência gastronômica com o street food, a excêntrica comida de rua encontrada nas ruas e vielas italianas.

A cultura do street food em Palermo é uma das mais fortes da Europa e remonta a séculos passados, quando sofreu influência das muitas culturas que ocuparam a Sicília. Para Andressa, tudo é intrigante devido às numerosas opções, para os paladares mais tradicionais aos mais curiosos.


É possível encontrar peixes e frutos do mar, passando por frituras e vísceras de outros animais, e tudo que há de mais inusitado. Segundo a chef, o que mais chamou sua atenção foi o Pane con le Milza ou Pani Ca Meuza, que é um sanduíche feito com refogado de vísceras cozido por horas. Baço, pulmão, coração de boi são alguns dos ingredientes, que podem ser servidos com queijo tipo caciocavallo. “Tem um sabor com muita presença. Vale a pena experimentar”, afirma. 


Historicamente, o forte reflexo social, cultural e econômico determinam essa região da Itália.

Refúgio de povos atentados por guerras e reféns da máfia, a comida de rua conta parte desse lado desconhecido por muitos. O aproveitamento de partes tidas como "não nobres" demonstra, por exemplo, o respeito pelo animal, utilizando-o por inteiro. 


A regra é aproveitar! (Divulgação)

“A influência de vários povos que passaram por lá, a exemplo dos Árabes, faz da comida de Palermo uma verdadeira festa de cores e sabores que se espalham pela cidade ou se aglomeram nos mercados como o Ballaró, local este, ideal para quem quer aproveitar essa farra gastronômica”, explica Andressa.


Alimentos também fazem parte desse aproveitamento, como no caso do Arancini, que nada mais é do que bolinhos de risoto recheados e fritos. Uma ótima ideia para utilizar o alimento do dia anterior, já que o risoto funciona muito melhor quando consumido na hora. 


Granita, uma das sobremesas italianas (Acervo Pessoal)


Claro que nem tudo é história. E para quem ama os açucarados, Palermo possui delícias para adoçar a viagem. “A fruta Martorana é feita com uma pasta de amêndoas, com açúcar, e está em todo lugar. Tomar granita ou então gelato com pão brioche, como se fosse um sanduíche, faz parte do dia a dia dos parlemitanos.”


Se pudesse determinar uma dessas comidas para fazer sucesso no Brasil, a chef Andressa escolheria a Arancina (em Palermo) ou o Arancino (na Catania). Trata-se de um bolinho frito feito de arroz, com recheio tradicionalmente de ragu de carne, mas que pode ser encontrado em diferentes versões, até mesmo a vegetariana.


Para Andressa, Arancina faria sucesso por aqui (Divulgação)
A profissional explica um fato curioso sobre esta diferença. Em Palermo, o bolinho é redondo como uma laranja e no feminino já que vem de “arancia”, em italiano. Já na Catania e arredores ele é masculino, pois na língua siciliana antes da unificação da Itália laranja era “aranciu”. “Uma rivalidade real por lá! Então tenham cuidado quando forem pedir essa iguaria na Sicília”, brinca.


Conhecer as comidas de rua na Itália certamente trouxe um impacto para Andressa. A chef agora inicia um estágio na Osteria Francescana, o melhor restaurante do país e considerado também um dos melhores do mundo. Desejamos sucesso para a profissional em sua jornada gastronômica!


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Nossos agradecimentos à chef Andressa Martorano, que nos cedeu imagens de seu acervo pessoal.

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