Prada compra Versace por US$ 1,4 bilhão e fortalece o luxo italiano

O Grupo Prada, uma das maiores referências da moda de luxo no mundo, concluiu nesta terça-feira (2) a aquisição da icônica grife Versace. O acordo, anunciado ainda em abril, foi fechado por 1,25 bilhão de euros, cerca de US$ 1,4 bilhão, ou R$ 7,5 bilhões.

Com essa compra, a Itália ganha ainda mais presença no cenário global do luxo, atualmente dominado principalmente por grupos norte-americanos e pela gigante francesa LVMH, dona de marcas como Louis Vuitton e Dior.

Apesar de o país responder por cerca de 50% a 55% da produção mundial de bens de luxo pessoais, segundo a consultoria Bain, ainda faltava à Itália um grupo com escala comparável aos líderes internacionais do setor. Hoje, o valor de mercado da Prada é estimado em cerca de US$ 15 bilhões (R$ 80,2 bilhões), consolidando o grupo como o maior da Itália em termos de receita. Mas ainda está distante de gigantes como a LVMH, cujo valor de mercado chega a impressionantes US$ 316 bilhões (R$ 1,7 trilhão).

A venda também trouxe alívio financeiro para a Capri Holdings. Segundo John D. Idol, presidente do conselho e CEO da empresa, o montante obtido com a venda da Versace será usado principalmente para reduzir dívidas e fortalecer o balanço da companhia. “Essa transação nos dará mais flexibilidade para investir em nosso crescimento e, no futuro, também para retornar capital aos acionistas”, disse Idol. Vale lembrar que, no primeiro trimestre deste ano, o Grupo Versace registrou um prejuízo operacional de US$ 54 milhões (R$ 288,7 milhões).

A Versace foi fundada em 1978 pelo estilista italiano Gianni Versace e ganhou fama mundial sob a direção de Donatella Versace, irmã de Gianni, que esteve à frente da criação por 30 anos até deixar o cargo em março de 2025. Em 2018, a marca foi adquirida pela americana Capri Holdings, que também controla outras grifes de luxo como Michael Kors e Jimmy Choo. Na época, a Capri pagou US$ 2 bilhões, valor maior do que recebeu agora na venda para a Prada.

Especialistas apontam que a Versace enfrenta desafios para se posicionar no mercado atual. Isso porque, nos últimos anos, cresceu a tendência do chamado “luxo discreto” entre os consumidores mais abastados, enquanto a marca sempre foi conhecida por estampas mais ousadas e chamativas.