Jornalista paraense faz história e vence o Emmy nos Estados Unidos

De Mosqueiro, distrito de Belém, para Manhattan, em Nova York. Geovany Dias, 32 anos, jornalista formado pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e mestre em Jornalismo e Estudos da Mídia pela Universidade Estadual do Alabama, ganhou o Emmy Award, uma das mais importantes premiações do jornalismo e da televisão nos Estados Unidos. O reconhecimento na categoria "Melhor Cobertura Jornalística" foi concedido pelas reportagens investigativas sobre a prisão do Xerife do Condado de Osceola, na Flórida, por envolvimento com o crime organizado.

Com carreira no país norte-americano a partir de 2018, Geovany mora nos EUA desde 2017 e atua no jornalismo desde 2011. Ele acumula cinco indicações ao Emmy entre 2022 e 2025, duas na categoria de Melhor Cobertura Jornalística. O trabalho premiado, descrito como exclusivo e de alta complexidade, garantiu-lhe o reconhecimento máximo da academia.

“A cobertura teve impacto direto na responsabilização de autoridades públicas e no debate sobre corrupção institucional. Sinto-me honrado em receber este Emmy após algumas indicações. É uma vitória minha e da minha família em Mosqueiro e em Belém. Finalizo 2025 muito grato, com um presente de Natal adiantado”, destacou Geovany Dias.

O prêmio - O que colocou a investigação na rota do Emmy foi o momento em que a reportagem ultrapassou o factual, tornando-se um documento histórico sobre a integridade pública. A investigação começou em 2023 e ganhou corpo ao longo de quatro meses. Por meio de fontes, a equipe descobriu a existência de um mandado de prisão contra o xerife e foi a única presente no momento da prisão. As reportagens revelaram que o oficial teria feito acordos com donos de cassinos ilegais em diferentes regiões da Flórida em troca de pagamentos que somariam centenas de milhares de dólares.

Ainda segundo Geovany, o diferencial esteve no rigor extremo do processo jornalístico. Tratava-se de um alto integrante do sistema de segurança pública, com forte apoio comunitário e cargo eletivo. “Cada informação precisava ser checada e cada texto cuidadosamente elaborado, pois qualquer erro poderia gerar consequências legais. Ainda assim, o compromisso com o público falou mais alto. Xerifes são eleitos e a sociedade deposita confiança neles por meio do voto. Informar é parte essencial da democracia”, resume.

Orgulho de ser paraense - A vitória do jornalista paraense tem um significado que ultrapassa a estatueta. Diferentemente de categorias voltadas a produções estrangeiras, Geovany Dias concorreu em igualdade com jornalistas norte-americanos nativos. “Trago o Pará e Mosqueiro comigo sempre. Não seria quem sou hoje sem as raízes que tenho e sem o apoio da minha família e da comunidade da Ilha. O prêmio reafirma que profissionais latino-americanos — e, especialmente, da Amazônia — podem e devem ocupar espaços de destaque no cenário internacional”, afirmou.

Para Geovany, o reconhecimento reforça não apenas uma conquista individual, mas coletiva, simbolizando o potencial dos talentos formados no Norte do Brasil. “Acreditar, arriscar-se e ocupar espaços. Espero que mais profissionais de Belém e do Pará confiem em si próprios. Podemos e devemos lutar pelo nosso lugar”, finalizou.