A relação entre a dominação sobre as mulheres e a exploração da natureza é o eixo que conduz a primeira obra da escritora, Júlia Lourenço Maneschy. O livro “Por um mundo ecofeminista decolonial: uma análise da violência contra a mulher e a natureza latinas a partir do Brasil e do Sistema Interamericano de Direitos Humanos” propõe uma reflexão profunda sobre como o patriarcado, o colonialismo e o modelo de desenvolvimento vigente sustentam tanto as violências de gênero quanto a destruição ambiental.

“O principal objetivo da minha obra é mostrar que existe uma forte ligação entre as violências sofridas pelas mulheres e pela natureza, e que isso não é uma coincidência. As duas formas de violência estão sustentadas pelos mesmos pilares de dominação: o patriarcado, o colonialismo e o modelo de desenvolvimento que coloca o lucro acima da vida”, explica Júlia.
Bacharela e mestre em Direito pelo Centro Universitário do Estado do Pará (Cesupa), Júlia Maneschy explica que o interesse pelo tema surgiu ainda na graduação, quando pesquisava filosofia política e direito animal. “A semente desse interesse foi plantada ainda na graduação, durante a bolsa de iniciação científica, porque quando realizei minhas pesquisas sobre direito animal, tive contato com várias teorias filosóficas de mulheres que apontavam para relações entre as violências contra mulheres e contra a natureza. A partir disso, comecei a me aprofundar mais sobre essas correntes de pensamento chamadas de ‘ecofeministas’ e decidi que esse seria o meu projeto de pesquisa para o mestrado, que gerou esse livro”, contou.
Na obra, Júlia revisita autoras como Sherry Ortner e Mary Del Priore para discutir como, historicamente, o corpo feminino e a terra foram vistos como espaços de exploração. “Na América Latina e na Amazônia, por exemplo, o corpo feminino foi historicamente visto como algo a ser possuído e explorado, da mesma forma que a terra. A própria América é representada nas iconografias dos séculos XVI e XVIII como uma ‘mulher selvagem’ que precisava ser dominada pelos europeus, e essa visão ainda ecoa hoje”, aponta a escritora.
A discussão ganha relevância especial no atual contexto climático. Para Júlia, o tema abordado no livro tem tudo a ver com as discussões levantadas na Amazônia durante a COP 30. “Acho que levantar esse assunto é fundamental, especialmente agora. Há décadas já existem relatórios científicos mostrando que os efeitos das mudanças climáticas não são mais uma previsão para o futuro, eles já estão acontecendo. A realização da COP 30 no Brasil, e especialmente no Pará, no coração da Amazônia, é muito simbólica e veio em boa hora. O evento vai colocar o mundo inteiro olhando para a nossa região, para as florestas, os rios e, principalmente, para os povos que vivem aqui e que sempre lutaram para proteger esse território”.
“Eu costumo dizer que a COP só é top se der ouvidos a quem já fala há muito tempo sobre a importância de preservar a natureza As mulheres indígenas e os povos originários vêm alertando o mundo há séculos sobre o caminho que estamos tomando, e têm muito a nos ensinar sobre formas de convivência sustentável e respeito à vida. E aos que desejam compreender mais essa temática tão interessante e necessária, recomendo adquirir o meu livro”, ressalta Júlia.
Com uma escrita que transita entre o jurídico, o filosófico e o poético, Júlia também revela que a paixão pela palavra vem de longa data. “Desde que aprendi a ler e escrever eu tenho uma enorme paixão pela escrita, acredito que porque sempre foi a maneira pela qual consigo me expressar melhor e também porque a Língua Portuguesa me encanta muito”, conta.
Apesar do rigor acadêmico de sua estreia, a autora não descarta a possibilidade de se aventurar em outros gêneros. “Tenho planos de publicar outras obras científicas, frutos de pesquisas futuras, quem sabe de um doutorado. Mas também penso em expandir as publicações do futuro para outros gêneros literários, fora do mundo científico. Quem sabe um livro de poesia”, finaliza.


Comentários
Neal Adams
July 21, 2022 at 8:24 pmGeeza show off show off pick your nose and blow off the BBC lavatory a blinding shot cack spend a penny bugger all mate brolly.
ReplyJim Séchen
July 21, 2022 at 10:44 pmThe little rotter my good sir faff about Charles bamboozled I such a fibber tomfoolery at public school.
ReplyJustin Case
July 21, 2022 at 17:44 pmThe little rotter my good sir faff about Charles bamboozled I such a fibber tomfoolery at public school.
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