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Belém e a COP 30: a Amazônia no centro das decisões globais sobre o clima

Belém é uma das cidades mais emblemáticas do Brasil, não apenas por sua história e localização estratégica, mas também pelo papel relevante que desempenha na cultura, economia e turismo da Região Norte. Fundada em 12 de janeiro de 1616, a capital paraense carrega mais de 400 anos de história, marcada por suas origens como cidade portuária e por um contínuo processo de desenvolvimento. Hoje, é uma das maiores cidades da Amazônia e a principal porta de entrada para a região.

Em novembro de 2025, Belém é palco da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), um dos eventos globais mais importantes sobre o tema, presidido pelo Brasil. A cidade foi a única candidata brasileira após o país apresentar oficialmente sua proposta no final do ano anterior.


Em maio deste ano, a candidatura foi acolhida pelos países da América Latina e do Caribe, colocando Belém e o Brasil sob os holofotes internacionais. A COP 30 reunirá líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil com o objetivo de discutir soluções para enfrentar os desafios impostos pela crise climática.

O governador Helder Barbalho sublinha a importância de o Brasil sediar o evento na Amazônia e defende que a COP 30 vai além dos debates. “Nós queremos um compromisso: ver o discurso na prática e mais efetividade. Nós queremos encontrar aqueles que, após dez anos do Acordo de Paris, terão aqui, em Belém, a oportunidade de checar se o que foi assinado em 2015 foi cumprido", disse o governador.

A realização do evento movimenta grandes investimentos em áreas essenciais como infraestrutura urbana, mobilidade, saneamento e turismo. Mais de 30 projetos foram executados, incluindo a modernização do Aeroporto Internacional de Belém, do terminal hidroviário e do Complexo Ver-o-Peso, além da requalificação de vias urbanas, ampliação do transporte público com corredores exclusivos e alternativas sustentáveis de mobilidade. Também foram criados e reformados espaços destinados a grandes eventos, como centros de convenções e auditórios.

Nesse clima de expectativa, muitos belenenses demonstram otimismo durante e após o evento. Seja pela oportunidade de lucrar com seus serviços durante a conferência, pela esperança de melhorias duradouras na infraestrutura da cidade ou pelo orgulho de ver Belém como palco internacional, o sentimento predominante é de entusiasmo.

“Finalmente, algo tão importante para o mundo é realizado aqui no nosso estado. Já percebemos as transformações acontecendo, a cidade está mais bonita, com novos pontos turísticos para aproveitar nos fins de semana. Moradores que vivem próximos aos canais, por exemplo, sentem também uma diferença significativa, principalmente durante o período de chuvas. São essas melhorias que este evento está trazendo e que nos fazem acreditar que novos investimentos ainda virão”, comenta Tânia Miranda, moradora de Belém.

Entre os projetos de maior destaque está o Parque da Cidade. Com mais de 500 mil metros quadrados, o espaço abriga áreas de lazer e equipamentos esportivos, e vai receber a Blue Zone, voltada às negociações diplomáticas, e a Green Zone, destinada à participação da sociedade civil durante a COP 30.


Outro projeto emblemático é o Porto Futuro II, que reúne o Centro de Inovação e Bioeconomia, o Museu das Amazônidas e a Caixa Cultural, com a proposta de transformar a área em um polo de turismo, ciência e valorização da cultura amazônica. Destaca-se também o novo parque na Avenida Visconde de Souza Franco, que, ao longo de 1,2 km, integra mobilidade, lazer e sustentabilidade em uma área de 24 mil metros quadrados, com passarelas, painéis solares, brinquedos acessíveis e quiosques com banheiros e redários.

“O que mais me chama a atenção é como o espaço se tornou mais seguro para caminhar. Agora vemos senhores, senhoras, crianças, uma diversidade de pessoas aproveitando as várias opções de lazer. Tem brinquedos para as crianças, espaço para correr, para andar, até para usar patinete. Realmente ficou um lugar muito mais agradável. Eu já caminhava na Doca há muito tempo, e nunca imaginei que ela pudesse ficar tão bonita e acolhedora para a população, especialmente para nós, belenenses. É impressionante”, conta Betty Dopazo, frequentadora do espaço.

A avenida revitalizada conecta pontos turísticos importantes da cidade, como o Porto Futuro II, a Estação das Docas e o Ver-o-Rio, promovendo integração urbana e valorização dos espaços públicos.

Hana Ghassan, vice-governadora do Pará, ressalta o investimento superior a R$ 1 bilhão em obras de macrodrenagem e saneamento, destacando o impacto positivo dessas ações na saúde pública e na qualidade de vida da população belenense.


“Esse é o legado que tanto desejamos, realizar obras que transformam a vida das pessoas. A entrega da maior estação de tratamento de esgoto do Pará mostra a dimensão e a importância dos investimentos feitos em Belém e em todo o estado”, destaca.

Maria Oliveira, residente do bairro Umarizal, acompanhou cada etapa da transformação. “Anos atrás, cheguei a sonhar que a Doca se tornava uma praça bonita. Quando ouvi falar do projeto, não contive as lágrimas. Agora está incrível, coisa de outro nível. Quem viu como era antes sabe o quanto melhorou. E a gente também tem que fazer a nossa parte para conservar”, afirma.

Essas transformações beneficiam diretamente mais de 500 mil pessoas, melhorando a qualidade de vida, ampliando a rede de esgoto, reduzindo os riscos de alagamento e proporcionando uma cidade mais resiliente e preparada para o futuro.

Ao relembrar as mudanças que ocorreram na comunidade ao longo dos anos, Karla Ramos, uma das moradoras do bairro da Terra Firme, compartilhou seu ponto de vista com entusiasmo.

"Sou moradora daqui há 38 anos e posso te dizer com certeza: melhorou 100%. Antes era tudo muito precário, segurança ruim, só uma rua de acesso, nada de saneamento, os banheiros eram a céu aberto e a maré ainda invadia as casas. Era vergonhoso mesmo. Mas hoje é outra realidade: mais segurança, a linha de ônibus chegou, a qualidade de vida melhorou muito e até os imóveis se valorizaram. Cada pedaço de terra agora tem valor. Só coisa boa”, salientou a moradora.


Legado Ambiental, Social e Econômico

O impacto da COP 30, no entanto, vai muito além da infraestrutura. A realização do evento em Belém representa uma oportunidade concreta de colocar a Amazônia no centro das discussões globais sobre o futuro do planeta, com reflexos diretos nas dimensões ambiental, social e econômica.

No campo ambiental, a conferência traz uma visibilidade internacional inédita para os desafios e as riquezas da floresta amazônica, fortalecendo políticas públicas voltadas à conservação e ao desenvolvimento sustentável. No aspecto social, destaca-se a valorização das comunidades tradicionais e dos povos indígenas, que terão espaço para contribuir com seus saberes ancestrais e participar ativamente das decisões que impactam seus territórios.

Já na esfera econômica, espera-se um impulso ao turismo sustentável, à geração de empregos, tanto temporários quanto permanentes e à atração de investimentos verdes capazes de transformar a realidade da região de forma duradoura.

Sediar a COP 30 transforma Belém em um símbolo global de esperança e resistência diante da crise climática. A cidade tem a oportunidade de mostrar ao mundo que não há solução possível para as mudanças do clima sem considerar a Amazônia, e que é viável conciliar crescimento econômico com preservação ambiental.

Mais do que um evento de relevância diplomática, a COP 30 representa uma oportunidade de transformação para Belém, para o Brasil e para a humanidade. Se bem conduzido, o legado deixado será profundo, estruturante e duradouro, beneficiando as atuais e futuras gerações.