Entre canções e mudanças

Às vésperas do lançamento do segundo disco, a banda Aeroplano revela seus processos criativos e as transformações vividas ao longo dos oito anos de carreira.

12/12/2013 17:16
Entre canções e mudanças

À época do lançamento do disco de estreia - o Voyage, lá pelos idos de 2011 -, a banda Aeroplano já estava bem longe de ser desconhecida. Antes disso, dois compactos, shows nos espaços independentes da capital e várias músicas marcantes já aproximavam o público do grupo - que rapidamente ganhou espaço e carinho na cena roqueira de Belém. As razões eram várias: as letras despertavam aquela sensação de identificação em uma geração de jovens adultos em confronto com o cotidiano, com as emoções, desencontros e dificuldades da vida. Os refrãos eram extremamente cantáveis. Os integrantes possuíam aquela timidez carismática que cai feito luva em rockstars filhos dos anos 90. Passou o tempo, veio o disco oficial, e a banda cumpriu tudo o que vinha prometendo. A carreira se consolidou, junto à maturidade e à consciência do que se quer fazer. Naturalmente, os frutos de todo o aprendizado aparecerão ainda mais no segundo trabalho, prestes a ser lançado: o reflexivo "Ditadura da Felicidade" promete ser um álbum mais coeso e atento a essas transformações - sem perder o charme das características que fizeram o Aeroplano ser o que é. 

Eric Alvarenga na voz e guitarra, Bruno Almeida no baixo, Erik Lopes na guitarra, Felipe Dantas na bateria e Diego Fadul na guitarra formam o grupo. A maior parte deles se conhece há, pelo menos, 13 anos - e vêm nutrindo uma amizade tão longeva que mais parecem ser da mesma família. A banda já soma oito anos de muita música, amizade e boas experiências. De lá para cá, o estilo continuou o mesmo. Por outro lado, mudaram as referências, o gosto musical, a forma de falar disso para as pessoas. O site da Revista Leal Moreira foi conhecer de perto essa história e tudo o que podemos esperar do novo trabalho. Confira:

Revista Leal Moreira - Como vocês definem o estilo musical de vocês?

Eric Alvarenga - Nosso estilo é rock. Têm três guitarras na banda, um pouco de distorção... não tem como escapar de ser definido como rock. Alguns falam que é pop rock, mas preferimos dizer que é rock alternativo, que é onde se encaixam as bandas que mais gostamos - embora evitemos usar os clichês e as roupagens previsíveis de uma banda de rock.

Revista Leal Moreira - Se vocês pudessem fazer um resumo de todos esses anos na estrada juntos, como seria?

Felipe Dantas - A base do Aeroplano é a amizade que temos uns pelos outros. Começou assim e não existe outra maneira de lidar com essa banda que não essa. Ao estar tanto tempo com os mesmos integrantes, acabamos passando por muitas coisas - nas viagens de turnê, no tempo estressante dentro de estúdio, nas dificuldades normais cotidianas... Por isso, tentamos sempre nos divertir o máximo possível.

Revista Leal Moreira - As influências musicais continuam sendo Radiohead, Death Cab For Cutie e Wilco? Ou mudaram com o passar do tempo?

Erik Lopes - Mudaram com o tempo, até porque cada um de nós ouve muita coisa diferente - inclusive outras bandas daqui de Belém, ou de outros estilos além do rock, o que é muito comum. É normal ver colegas de palco fazendo algo interessante, então absorvemos isso e de alguma forma inserimos em nosso trabalho.

Revista Leal Moreira -  Este novo CD, que virá em 2014, destaca alguma temática em especial? Como está sendo o processo de preparar este novo trabalho?

Diego Fadul - Faltam alguns detalhes para terminar a parte musical do novo disco. Depois disso vem a parte burocrática: etapas de prensagem, distribuição etc. O nome do disco será "Ditadura da Felicidade", que - entre tantas coisas que pode significar para cada um - talvez traga a cada uma das faixas que o integram um pilar conceitual, uma observação sobre a postura de vida imposta pelas outras pessoas ao nosso redor.

Revista Leal Moreira - O que os fãs da banda podem esperar do novo CD?

Eric Alvarenga - A nossa relação com as pessoas que acompanham nosso trabalho é muito preciosa. Quem já pôde ouvir algo do que estamos fazendo para o disco novo comentou que existe uma unidade muito maior em relação ao disco anterior, o Voyage, lançado em 2011. Até mesmo nós notamos uma maturidade e uma clareza maior nas decisões tomadas nas etapas de produção deste novo trabalho. No geral, as músicas estão mais acessíveis, fáceis de gostar, com refrãos fortes. É um disco bem animado, mas sem ser bobo.

Revista Leal Moreira - Do primeiro CD demo para esse novo trabalho, o que mudou?

Felipe Dantas - Dizem que uma banda só passa a ser banda de verdade depois do primeiro disco oficial. Antes do Voyage (2011), nós já havíamos gravado dois CDs demo (em 2006 e em 2007), mas de circulação local apenas. O Voyage teve distribuição nacional, videoclipe na TV, turnê...Uma exposição maior. Na época do Voyage, tínhamos uma certa inocência e inexperiência. Nunca tínhamos conhecido bandas, roqueiros... Uma cena de verdade, como conhecemos na viagem para a gravação em Goiânia, que é uma cidade conhecida pela grande produção de bandas de rock. Lá os caras vivem intensamente isso, com festivais gigantescos que existem há 15 anos. Lá é normal ver shows lotados no meio da semana, mesmos os mais afastados do centro da cidade. Foi um impacto grande, outra realidade pra gente. O que fazemos hoje, no disco novo, nasceu em nós naqueles dias que passamos em um estúdio incrível gravando com um excelente produtor, o Gustavo Vazquez. Ele mudou nossa maneira de entender a música, de compor, de nos portarmos. Foi crucial pra gente.

Revista Leal Moreira - O single deste novo trabalho, a música "Bazar", fala sobre o tempo...

Diego Fadul - Não exatamente sobre o tempo, mas sobre como as coisas preciosas que vivemos vão se amontoando na nossa história particular e às vezes não damos o devido valor. Esquecemos o que vivemos e só temos a vaga lembrança das coisas realmente importantes, que vão se somando e que constituem a nossa autoimagem. Escolhemos "Bazar" por uma questão de mercado mesmo. Ela se assemelha muito ao que vem sendo executado nas rádios, a esse movimento recente - uma nova MPB, algo assim, vinda principalmente de São Paulo. A tática parece ter dado certo, porque a faixa tem tocado todos os dias na rádio, pelo menos duas vezes no dia. A verdade é que a gente ficou em dúvida entre 5 ou 6 músicas para trabalhar. Fizemos até uma promoção com o público para a escolha do single.

Revista Leal Moreira - Quem mais compõe no grupo?

Bruno Almeida - Quem compõe praticamente todas as letras é o Eric (Alvarenga). Eric está terminando o mestrado dele em Psicologia pela UFPA, então muita coisa vem da sua leitura na Academia - mas também das observações que ele faz do cotidiano, ou mesmo de outros livros, discos e pessoas com quem ele tem contato. Os arranjos e a parte musical é toda dividida pela banda, fazemos juntos.

Revista Leal Moreira - Na hora de compor a parte musical, como funciona? Todo mundo opina ou tem alguém que sempre dá a palavra final?

Felipe Dantas - A parte musical é um trabalho conjunto, surge com naturalidade. É muito comum um interferir ou mesmo compor a parte que o outro vai executar.

Revista Leal Moreira  - Já está fechada a agenda de lançamento do novo álbum?

Erik Lopes - Não há uma data marcada. Sabemos apenas que será para o final de janeiro, já que dependemos do retorno da fábrica com a prensagem dos CDs. Mas já estamos levantando os contatos e as cidades para uma tour de divulgação do disco.

Revista Leal Moreira  - Se as pessoas quiserem acompanhar vocês por onde elas devem ir? Fanpage, site, etc...?

Felipe Dantas - Estamos nas principais redes sociais, como twitter e soundcloud, mas concentramos as informações todas na nossa fanpage: www.facebook.com/aeroplanorock. Nosso site deve sair no lançamento do disco novo. O contato por e-mail pode ser feito pelo contato.aeroplano@gmail.com.

Mais matérias Nacional

publicidade