Paraense leva o estado à 1ª Bienal de Arquitetura Brasileira, em São Paulo

Do Pará nascem mais do que rios, nasce gente que carrega o território no olhar e transforma paisagem em ideia. É desse lugar que vem Tuane Costa, paraense, arquiteta e designer, que agora leva a força da Amazônia para o centro do debate nacional. A profissional foi selecionada para representar o Pará na 1ª Bienal de Arquitetura Brasileira, que será realizada em São Paulo, entre março e abril de 2026.

O projeto de Tuane tem nome de travessia: “Caminho dos Rios”. Nele, a arquitetura deixa de ser apenas forma para virar memória, fluxo e afeto. Inspirada pela lógica das águas amazônicas, a partir da divisão hidrográfica, Tuane traçou as linhas dos rios que conectam Marajó, Guamá e Xingu para criar o projeto da casa da cantora Fafá de Belém, em que cada ambiente passa a representar simbolicamente um desses rios.

“Pegamos o mapa do Pará e o dividimos em seus setores hidrográficos. Assim, quando observamos o layout de cima, vemos o Caminho dos Rios, que é justamente o nome do projeto. Utilizamos as linhas dos rios para estruturar o layout, e essas linhas passaram a dividi-lo. Dessa forma, cada um desses espaços representa um dos rios que escolhemos homenagear”, conta Tuane.

A seleção

A paraense participou do concurso, no qual arquitetos com registro no Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) puderam participar de uma votação gratuita para revelar novos talentos e expressões culturais de Norte a Sul do Brasil.

No Pavilhão Brasil, as 27 unidades federativas brasileiras serão representadas por 27 residências, cada uma com aproximadamente 100 m².

Com delicadeza e firmeza, Tuane traduz em design aquilo que muitas vezes não cabe em mapas. Seu trabalho dialoga com saberes tradicionais e contemporâneos, mostrando que inovar também é respeitar a origem.

“Isso é muito importante para a minha trajetória e, sobretudo, para o nosso Estado poder se destacar nacionalmente de forma autêntica, não de maneira caricata. Que a arquitetura e o design contemporâneos proporcionem a leitura dessa nossa identidade tão marcante: das nossas cores, dos nossos ritmos e dos nossos sabores. Ter a oportunidade de traduzir tudo isso em design, em um espaço de 100 metros quadrados no Ibirapuera, é algo extremamente potente”, afirma.

Sobre a Bienal

A Bienal de Arquitetura Brasileira (BAB) é um evento cultural que celebra a produção arquitetônica nacional, aproximando-se da arquitetura da vida real. Ela nasce com o propósito de democratizar o acesso à arquitetura no Brasil, apresentando-a como uma ferramenta prática, cultural e sensível para transformar o cotidiano.

Criada em São Paulo e feita para todo o Brasil, a BAB é mais do que uma mostra: será uma experiência imersiva e educativa, reunindo diferentes vozes, territórios e formas de habitar, com espaços que misturam ambientes reais, ativações sensoriais, exposições de marcas e novos talentos.

Tuane Costa leva consigo a voz dos rios, o desenho das margens e a certeza de que a arquitetura amazônica tem muito a ensinar ao mundo. E, ao chegar a São Paulo, ela não chega sozinha: chegam com ela as águas, as histórias e o futuro que brota do Norte.

“É muito importante participar de um concurso como esse. Ter um escritório premiado, com certeza, gera impacto. Isso nos coloca em um lugar de destaque e fortalece a autoestima, tanto a minha quanto a da minha equipe, especialmente porque já trabalhamos dentro dessa arquitetura há muitos anos. Por isso, nos sentimos muito honrados em ocupar esse lugar este ano. Nosso escritório completa dez anos, e encerrar o ano com um reconhecimento como esse é realmente especial”, finaliza a arquiteta.