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Introdução alimentar: quando o bebê descobre o mundo através dos sabores

A primeira colherada pode parecer um gesto simples, mas marca um dos momentos mais esperados e desafiadores do primeiro ano de vida do bebê. A introdução alimentar é a porta de entrada para descobertas, texturas, aromas e, acima de tudo, para a construção de hábitos que vão acompanhar a criança por muitos anos. Seguir as orientações adequadas é essencial para que essa fase seja segura e prazerosa, tanto para os bebês quanto para suas famílias. 

"É importante saber que os primeiros mil dias da criança são a fase que o corpo está sendo formado. Então tem órgãos para serem formados ali, o cérebro principalmente, então se eu não nutrir aquela criança corretamente, ela vai ter prejuízos para o resto da vida. Também é muito importante fazer a introdução alimentar correta, porque tem vários fatores que afetam o apetite, o interesse da criança, como a dentição, a criança aprende a andar com um ano e já não quer mais comer. Então precisamos estar trabalhando todas as intercorrências da alimentação para que a criança tenha um bom hábito alimentar”, afirma a nutricionista infantil e especialista em alergia alimentar, Érika Ozela.


Érika Ozela, especialista em nutrição infantil (Foto: Leonardo Lima / Portal LiV)

Cada bebê tem necessidades específicas, por isso, é necessário o acompanhamento profissional para garantir que os alimentos certos sejam oferecidos na hora certa, com estratégias que respeitem o desenvolvimento motor, emocional e sensorial da criança. Esse cuidado faz diferença a médio e longo prazo, pois está diretamente ligado à forma como a criança vai lidar com a alimentação, além dos impactos no desenvolvimento, crescimento e até na prevenção de doenças.

Os pais, principalmente os de primeira viagem, buscam orientações sobre o tema, que geralmente começa a ser introduzido na rotina da família quando a criança completa seis meses de vida. Foi o caso da arquiteta e terapeuta ocupacional, Carolina Moraes, mãe da pequena Ana Teresa, de 1 ano e sete meses.

“A introdução alimentar da Ana começou exatamente no dia em que ela completou seis meses e esse processo foi muito bom a partir do momento em que eu procurei orientação profissional. Eu precisava saber um pouquinho mais: em que momento eu poderia oferecer outros alimentos? Como poderia ser esse processo? Então eu verifiquei que a presença de uma nutricionista dentro desse processo ia facilitar na escolha de alimentos para dar para minha filha e eu saí de lá com uma lista enorme de alimentos que eu poderia oferecer para Ana Teresa e isso me surpreendeu muito”, contou Carolina.


Carolina Moraes, mãe da pequena Ana Teresa, de 1 ano e sete meses (Foto: Leonardo Lima / Portal LiV)

Segundo a especialista em nutrição infantil, a recomendação é começar a introdução alimentar aos seis meses de vida, oferecendo primeiramente frutas. “Eu sempre bato na tecla de não alimentar crianças menores de seis meses. Isso porque nós, humanos, não nascemos prontos. Nosso intestino só vai ficar pronto com um ano de idade. Antes dos seis meses, a criança não tem enzimas para digerir comida, não consegue absorver direito os alimentos, então é um risco muito grande de ter intolerâncias, alergias e até infecções intestinais. Os primeiros alimentos indicados são as frutas. A gente introduz sempre gradativamente, que é para a criança saber o que é cada alimento e aprender a separar. Porque se você misturar tudo e tiver alguma coisa que a criança não goste, você não vai saber o que foi. Inicialmente a gente vai com as frutas sempre, uma pela manhã, outra à tarde, e vai trocando. Na segunda semana a gente introduz o almoço e o jantar”, explica Érika Ozela.

Coloridas, docinhas, azedas, de diferentes texturas… as frutas compõem uma parte importante no cardápio dos bebês dentro e fora da fase de introdução alimentar. É o caso da Ana Teresa, que já experimentou diversas. “Eu comecei com as frutas e toda vez que eu vou ao supermercado e vejo uma fruta que eu nunca dei a ela, eu compro e dou. Há umas duas semanas eu ofereci ajuru (fruta nativa da Amazônia). Eu estava numa viagem para o interior do Pará e ofereci. Ela comeu um, gostou e já quis comer vários. E assim eu vou oferecendo os alimentos para ela. 

Na casa da bancária Mirian Gonçalves, mãe do Benjamin, de 1 ano e três meses, as frutas também foram os primeiros alimentos da introdução. Hoje, ele tem um cardápio variado que vai das carnes ao açaí, o favorito do pequeno Benjamin.

“Os primeiros alimentos foram as frutas. Banana, abacate, maçã… aí depois vieram as refeições, uma semana depois. Antes dele começar a introdução alimentar, por orientação da Érika, nós colocamos ele sentado à mesa para fazer as refeições conosco, sem comer nada ainda, claro, mas era para mostrar a ele que estava gostoso. Tudo que a gente comia, a gente mostrava para ele. Mais tarde, eu apresentei carne, frango, peixe, porco, pato para ele. O Benjamin aceita bem novos alimentos, graças a Deus. Ele não gosta de tudo, mas ela aceita e gosta da maioria dos alimentos que oferecemos. Uma das coisas que ele mais ama é o açaí”, compartilhou Mirian.


Mirian Gonçalves, mãe do Benjamin Gonçalves, de 1 ano e três meses (Foto: arquivo pessoal)

Métodos de introdução alimentar

Entre os métodos mais indicados para conduzir a introdução alimentar estão: o tradicional (papinhas), onde os alimentos são cozidos, amassados ou raspados e oferecidos com colher ao bebê. Neste método, os alimentos não são batidos no liquidificador para manter a textura; o Baby-Led Weaning, conhecido como BLW, onde o bebê pega os alimentos em pedaços e leva à boca sozinho, explorando sabores e texturas; e o método misto, que combina os dois, oferecendo purês e pedaços ao mesmo tempo, o que garante autonomia, exploração e nutrição equilibrada.

“O método BLW e o tradicional, se aplicados corretamente, vão me dar o mesmo resultado com a criança aos dois anos de idade, então, eu deixo a criança escolher. O BLW é um método no qual a criança vai se alimentar sozinha, eu vou apresentar os alimentos para a criança, ela vai olhar e vai escolher o que quer pegar primeiro e vai comer sozinho. Já o tradicional, tem crianças que não gostam de tocar na comida, que têm nojinho, e aí o método tradicional é mais indicado porque os pais fazem papinhas. É importante ressaltar que precisamos que a criança exercite a mastigação, a musculação de bochecha, porque eu preciso fortalecer para a criança mastigar alimentos cada vez mais duros então no tradicional eu amasso os alimentos e desfio as carnes e a criança vai se alimentando e evoluindo até chegar aos dois anos”, destacou a nutricionista.

Para Carolina, o método tradicional foi o escolhido nas primeiras semanas da introdução alimentar da filha. “Como mãe de primeira viagem, a gente sempre fica com um pouquinho de medo, apesar de toda orientação. Inicialmente, eu amassei os alimentos mesmo, fui no método tradicional. A partir do momento em que eu ganhei um pouquinho mais de confiança, eu fui oferecendo algumas coisas já pelo BLW. Então eu já fazia o corte correto da fruta, deixava ela pegar e comer em pedacinhos, mas as frutas mais molinhas. Por exemplo, a maçã, ofereci em pedacinhos depois de muito tempo, porque ela já é uma fruta um pouquinho mais dura e eu ficava com medo de engasgo e preferia dar raspada”, disse a arquiteta.

Açaí, tucupi e maniçoba: bebês podem consumir comida regional?

De acordo com Érika Ozela, sim! Mas, calma, nesse caso, o modo de preparo e as quantidades precisam ser muito bem dosadas. “Eu sou fã dos alimentos paraenses. Na minha lista de indicações sempre vai açaí, taperebá, muruci, rambotã, mangostão, todas as frutas regionais são 100% liberadas. O tucupi pode ser utilizado desde que seja um tucupi sem sal e sem pimenta, porque na hora que você cozinha o tucupi, as substâncias ruins evaporam e é possível fazer um prato para a criança depois dos 10 meses. A maniçoba, eu já oriento oferecer depois de um ano, mas tem que ser uma maniçoba magra, pode ser feita com uma costelinha de porco. Sempre que posso, eu ensino as mães a preparar de um jeito que o bebê possa ser introduzido na nossa cultura, porque ela é muito rica”, pondera a especialista.

Segundo ela, durante o primeiro ano de vida, a orientação é sempre evitar as farinhas porque resseca o intestino da criança; o mel, porque está contaminado com a bactéria botulinum que pode causar botulismo infantil; o mingau, que não possui nutrientes; sal e açúcar antes de um ano de idade e alimentos industrializados.

A introdução alimentar é um passo fundamental e muito importante, que pode determinar como será a vida da pessoa. Érika reforça dicas que fazem diferença para os pais nesse momento. “A dica que eu sempre dou é: comece com os alimentos naturais que você já consome. Por exemplo, se na minha casa eu como maçã, banana, mamão e goiaba, ofereça essas frutas à criança. Sempre coma na frente da criança para que ela veja o que precisa fazer com o alimento, por isso, é importante o bebê ver o adulto comendo para entender, além disso, sempre comer junto, comer participando em família, porque isso ajuda muito as crianças. E a dica final é sempre evoluir a alimentação, a criança tem que ter estímulos e quanto mais estímulo, melhor; nunca fique num cardápio monótono, quanto mais variada a dieta, melhor”, ressalta a profissional.

O processo é desafiador, mas vale a pena. “Eu acho importantíssimo saber e seguir o processo de introdução alimentar certinho. Assim como eu amamentei o Benjamim integralmente apenas no leite materno até os 6 meses, eu fiz certinho a introdução alimentar, apresentei a maior variedade possível de alimentos para ele. Graças a Deus o meu filho come muito bem, é uma criança muito saudável e eu acredito que isso se dá porque ele teve e tem uma boa introdução alimentar, além do acompanhamento  profissional porque eu sou mãe de primeira viagem, então tudo para mim é novo”, finaliza a mãe do Benjamin, Mirian Gonçalves.